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23/12/2012

Simorgh - o sol e a sombra




 Simorgh
a imortalidade ao morrer para tudo 



  
Encontramos a  essência da Simorgh na Conferência dos Pássaros, uma extensa e intrínseca parábola escrita pelo poeta sufi persa, Farid Attar.

Como prelúdio da  Conferência o poeta invoca:Louvado seja o Santo Criador...”
“Todos os homens que têm consciência da própria ignorância arregaçam a fralda das vestes e dizem , sinceros: Ó tu, que não te deixas ver, embora nos faças conhecer-te, o mundo todo é tu, e ninguém senão tu é manifesto. A alma esconde-se no corpo, e tu escondes-te na alma. Ó tu, que estás escondido, és mais do que tudo. Todos se vêem em ti e te vêem em tudo. Visto que a tua morada está cercada de guardas e sentinelas, como poderemos aproximar-nos da tua presença?

O poeta relembra-nos aqueles que entraram no caminho do espírito, Adão, Noé, Abraão, Jacob, Moisés, David, Salomão, João Baptista, Jesus Cristo, dizendo Achas que será fácil chegares ao conhecimento das coisas espirituais? Significa nada mais e nada menos do que morrer para tudo”

E assim o poeta dá início à sua obra, referindo quequisera repetir-vos o meu discurso dia e noite, para que não deixásseis, nem por um momento, de ansiar por sair à procura da Verdade”.

A Conferência dos Pássaros, propriamente dita, começa com a reunião de todos os pássaros do mundo. Discutem a falta de um Rei no reino dos pássaros; em todos os  países havia um rei para garantir uma boa administração e uma boa organização. Querem reunir esforços e sair à procura de um soberano.

Dado o sinal de interesse e vontade de encetarem demanda, a Poupa apresenta-se-lhes como a mensageira do mundo invisível. E incentiva-os a iniciar a viagem, dizendo-lhes: Temos um Rei de verdade, que vive atrás das montanhas. Chama-se Simorgh e é o Rei dos pássaros. Está perto de nós, mas nós estamos longe dele. O sítio que habita é inacessível e nenhuma língua consegue pronunciar-lhe o nome. O caminho é desconhecido e não imagineis que o caminho é curto; cumpre ter um coração de leão para percorrer essa estrada insólita pois ela é longa e o mar é fundo; se vos sujeitardes com graça, o amado dará a vida por vós.

Após o discurso da Poupa os pássaros comentam e falam emocionados  ansiando por ter a Simorgh por seu próprio soberano, e mostram-se impacientes por partir. Mas assim que compreendem a longa e penosa viagem que têm pela frente, hesitam, e apesar da aparente boa vontade, entram a escusar-se. Após ouvi-los, a Poupa intervém dizendo:Quem prefere a Simorgh à própria vida precisa lutar corajosamente consigo mesmo. Quando hesitas diante de um golezinho de vinho, como beberás a grande taça? Se o teu estômago não digere sequer um grão, como participarás do festim da Simorgh?Ao que os pássaros voltam a falar com a Poupa:Tu te encarregaste de nos mostrar o caminho, tu, o melhor e mais poderoso dos pássaros. Mas somos frágeis sem penugem e sem penas, como conseguiremos alcançar a sublime Simorgh?

Diz-lhes a Poupa: Ó pássaros sem aspiração!... Quem ama parte de olhos abertos rumo à sua meta e brinca com a própria vida. “quando A Simorgh se apresentou fora do véu, radiosa como o Sol, projectou milhares de sombras sobre a Terra. E quando olhou para essas sombras surgiram pássaros em grande quantidade. Portanto, os diferentes tipos de aves que se vêem no mundo são apenas a sombra da Simorgh. Sabei, pois, ó ignorantes, que, quando compreenderdes isso, compreendereis exactamente a vossa relação com a Simorgh. Reflecti sobre o mistério, mas não o reveleis; quem adquire este conhecimento afunda-se na imensidão da Simorgh, embora não pense, por isso, que é Deus.
“ Se a Simorgh não pretendesse manifestar-se não teria lançado a sua sombra; se tivesse desejado permanecer escondido, uma sombra não teria aparecido no mundo. Tudo o que é produzido pela sombra torna-se visível.”
“ Busca a reunião, ou melhor, deixa a sombra e descobrirás o segredo; se tiveres sorte verás o sol na sombra; mas, se te perderes na sombra, como realizarás a união com a Simorgh?